São Martinho e as Castanhas DOP da região Centro
São Martinho e as Castanhas DOP da região Centro
São Martinho e as Castanhas DOP da região Centro
O Dia de São Martinho celebra-se a 11 de novembro e é, em Portugal, sinónimo de magusto: convívios à volta do lume, castanhas assadas e prova do vinho novo. Esta festa popular integra lendas, práticas pagãs e ritos de partilha que se mantêm vivos nas comunidades rurais, especialmente nas zonas montanhosas onde o castanheiro foi historicamente um dos pilares da alimentação e da economia local.
Na região Centro, sobretudo nas áreas mais interiores dos distritos de Viseu e Guarda, destaca-se a Castanha dos Soutos da Lapa (DOP), um produto com caraterísticas organolépticas e de qualidade reconhecidas que permanece associado às festas de outono e às mesas de São Martinho. A produção desta DOP abrange vários concelhos da região, onde o magusto e as feiras de castanha são ainda eventos de forte tradição local.
De acordo com dados obtidos na OnCentro, estima-se que a “produção da castanha esteja próxima das 40 mil toneladas, e que a castanha portuguesa possa valer, anualmente, entre de 60 e 75 milhões de euros, em valor pago à produção. É o segundo fruto de maior exportação, logo a seguir à Pêra Rocha do Oeste, com uma área de produção que em 1980 era de 14 000 hectares (ha), valor esse que mais que duplicou durante a década de 90 para cerca de 30 000 ha, ocupando atualmente cerca de 36 000 ha do território nacional”.
A Castanha dos Soutos da Lapa DOP é tipicamente obtida de variedades locais como a Longal e a Martaínha, exigindo lotes homogéneos e controlo rigoroso de origem e calibre para ostentar a denominação. Essas variedades conferem frutos de bom calibre e um sabor próprio que os consumidores reconhecem nas festas de São Martinho e na confeção tradicional.
As áreas demarcadas para a produção da Castanha dos Soutos da Lapa situam-se essencialmente nos distritos de Viseu e Guarda, com menção a concelhos e freguesias serranas em que o castanheiro é ainda cultivo tradicional e fonte de rendimento sazonal para muitos pequenos agricultores, circunstância que faz com que as festividades de São Martinho sejam também momentos de valorização e promoção do produto local.
O magusto de São Martinho funciona hoje como ritual cultural e como oportunidade de promoção das castanhas DOP: mercados, demonstrações de assadura tradicional e provas são ocasiões em que se dá visibilidade às castanhas com indicação geográfica, reforçando o vínculo entre produto, território e cultura alimentar. Documentos etnográficos e estudos locais mostram como estas festas reforçam memória coletiva, identidade local e circuitos curtos de comercialização (Neto, 2023).
Referências
DGADR: Castanha dos Soutos da Lapa (DOP), https://tradicional.dgadr.gov.pt/pt/
INIAV: Variedades de Castanha das Regiões Centro e Norte de Portugal (catálogo/relatório técnico). https://iniav.pt/
Neto, C. (2023): As Festas e Romarias como lugar de Memórias. O Concelho de Paços de Ferreira, Faculdade de Letras da Universidade do Porto
OnCentro: https://on-centro.pt/index.php/fr/news/item/128-castanha-a-rainha-da-beira-e-do-outono
Turismo do Centro: https://turismodocentro.pt/








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