Pastel de Tentúgal IGP

Pastel de Tentúgal IGP

Published On: 18/11/2025Last Updated: 18/11/2025
Published On: 18/11/2025Last Updated: 18/11/2025

Pastel de Tentúgal IGP

Reconhecido com o selo IGP (Indicação Geográfica Protegida), o Pastel de Tentúgal é hoje símbolo de qualidade, tradição e autenticidade, representando o melhor da arte doceira de Tentúgal e da região de Coimbra. Mais do que um simples doce, o Pastel de Tentúgal é uma herança viva da história de Portugal, que continua a ser apreciada e celebrada em cada dentada.

Fontes históricas indicam a sua origem no Convento da Nossa Senhora do Carmo (ou da Natividade) pelas mãos das irmãs da Ordem Carmelita que ali viveram entre 1565 e 1898. Desde os finais do século XVI desenvolveu-se naquele convento um saber fazer que deu origem a um doce singular.

A receita do pastel foi segredo interno transmitido por tradição oral até à extinção do convento e à morte da última freira, em 1898. Mas alguém quis assegurar-se de que a receita perduraria, e passou-a às mulheres de Tentúgal, que a preservaram até aos dias de hoje.

Quando observamos um pastel de Tentúgal, salta-nos à vista a sua massa fina e quase transparente, que em aparente fragilidade segura um sublime recheio de ovos moles. Ao provar, é ligeiramente crocante e desfaz-se na boca. Um deleite, que ainda mais intrigante se torna quando observamos o mais belo elemento da sua confeção: o estender da massa.

Mas qual será o segredo desta enigmática massa, cuja elasticidade quase parece não ter limites? De acordo com quem faz os pastéis, o segredo está na farinha, nas mãos, e também no clima.

A especificidade do Pastel de Tentúgal deriva, em primeiro lugar, do método de produção utilizado na obtenção de uma massa delicada e fina com uma espessura que varia entre 0,06 e 0,15mm. Constituída apenas por água e farinha de trigo, esta massa passa por diversas fases onde os rituais de produção assumem uma forte presença até ser esticada pelas mãos das doceiras para conseguirem a espessura desejada. Em segundo lugar, do saber fazer utilizado no manuseamento desta massa é fundamental no armar do pastel do qual resulta um doce onde as finas folhas são colocadas de forma a impermeabilizarem o recheio. Em terceiro lugar, da sua massa tão fina, quase transparente, que em conjunto com o doce de ovos cremoso dá-lhe um aspeto exterior e interior, uma consistência, um sabor e uma textura específicos que o tornam num doce singular.

A área geográfica de produção do Pastel de Tentúgal é circunscrita à vila de Tentúgal e encontra-se delimitada a nascente pela vila da Lamarosa (concelho de Coimbra), a norte pela aldeia da Portela, a poente pela aldeia de Póvoa de Santa Cristina (freguesia de Tentúgal) e pela vila das Meãs (concelho de Montemor-o-Velho) e a sul pela vala real.

De acordo com a investigadora Olga Cavaleiro, “o nosso pastel é maior que nós. Tal como para mim, porventura, terá aquele sabor materno com cheiro a farinha e água para muitos outros e outras. Devíamos celebrar as mulheres de Tentúgal e lembrar que a sua doçura se conta nas folhas de massa em ponto de véu. São elas as heroínas de uma história que não se reduz apenas a ovos e açúcar, mas que tem a alquimia que só mãos mágicas podem fazer” (Cavaleiro, 2021).

Referências AMASS.COOK: “O segredo do Pastel de Tentúgal”: https://amasscook.com/o-segredo-do-pastel-de-tentugal/?lang=pt-pt

Cavaleiro, O. (2021): “À mesa – Pastel de Tentúgal”: https://aosabordeportugal.pt/site/2021/02/a-mesa-pastel-de-tentugal/ Produtos Tradicionais Portugueses: https://tradicional.dgadr.gov.pt/pt/cat/doces-e-produtos-de-pastelaria/601-pastel-de-tentugal-igp