Vinhos DOP da região Centro | Beira Interior
Vinhos DOP da região Centro | Beira Interior
Conheça os vinhos DOP da região Centro: próxima paragem, Beira Interior
Depois de darmos a conhecer os vinhos da Bairrada, rumamos ao coração do interior Norte, junto à fronteira com Espanha, na região mais montanhosa de Portugal continental. A região dos vinhos DOP Beira Interior abraça as serras da Marofa, Gardunha e parte da Serra da Estrela, onde pode desfrutar da Rota dos Vinhos da Beira Interior e deixar-se surpreender por sabores e paisagens ímpares.
“Esta vasta região de Portugal, em tempos parte integrante da Lusitânia dos Romanos, está desde essa altura ligada à produção da vinha e do vinho. Os povos celtas terão deixado alguns vestígios de consumo de vinho, mas foram os romanos que deram o verdadeiro início à produção de vinho, por volta do ano 25 AC. A existência bem documentada de lagaretas esculpidas no granito constitui uma prova que desde esta época o vinho assumiu um papel importante na alimentação, na cultura e na sociedade. No entanto, foi no limiar do século XII, pelas mãos dos Monges de Cister, instalados no Convento de Santa Maria de Aguiar em Figueira de Castelo Rodrigo, que a cultura da vinha se desenvolveu de forma muito significativa” (Poço, 2021).
A altitude média das vinhas para a produção de vinhos DOP Beira Interior varia entre os 300 e os 700 metros de altitude. O clima associado às características dos solos são elementos fundamentais para a obtenção de vinhos brancos de grande exuberância aromática e muita frescura e vinhos tintos mais complexos com aromas a especiarias e frutos vermelhos e apresentam grande frescura.
Segundo a Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI), “as castas utilizadas para produzir os vinhos da Beira Interior podem ser divididas em três tipos, consoante a sua origem: castas locais identitárias, ou seja, aquelas que estão há muito tempo na região e que, de alguma forma, a caracterizam junto do consumidor; castas nacionais, geralmente variedades nobres originárias de regiões limítrofes e que, nos últimos vinte anos, vieram elevar a qualidade média dos vinhos regionais; e castas internacionais, cuja incontornável qualidade e notoriedade ajudam muitas vezes a colocar os vinhos nos mercados de exportação.
Ao nível de castas identitárias cumpre destacar as brancas Síria e Fonte Cal e a tinta Rufete. A Síria, será porventura a variedade que mais apreciadores relacionam com a Beira Interior. Conhecida no Alentejo como Roupeiro, evidencia nestas terras altas beirãs um desempenho qualitativo sem igual noutra região de Portugal, com uma pureza e exuberância aromática e uma frescura de boca inimitáveis. Mas mais identitária até talvez seja a Fonte Cal, uma uva local praticamente inexistente fora da Beira Interior, e que cada vez mais produtores elegem como primeira escolha, graças à estrutura, cremosidade e elegância dos vinhos que origina. Embora possa ter tendência para perder acidez, nas zonas mais altas e, sobretudo, quando colhida
atempadamente, essa desvantagem é facilmente ultrapassada. Outras uvas brancas clássicas muito presentes na região são Fernão Pires, Malvasia Fina ou Arinto.
Já a tinta Rufete (chamada Tinta Pinheira no Dão), dominante nas vinhas mais velhas, volta a chamar sobre si as atenções depois de longos anos desprezada devido à débil cor dos seus
vinhos. Tem tendência a produzir demasiado, mas quando bem tratada, plantada em solos pouco férteis e controlada a sua produção, origina tintos de enorme delicadeza, com fruta muito elegante, aromas terrosos e taninos suaves e polidos. Nas vinhas tradicionais encontramos igualmente, entre outras, Trincadeira, Jaen ou Marufo.
Nas últimas duas décadas, as vinhas modernas da Beira Interior acolheram diversas outras castas nacionais e internacionais, como a Tinta Roriz, Touriga Nacional, Touriga Franca, Chardonnay, Riesling, Syrah, Merlot ou Cabernet Sauvignon. Entre todas, para além da incontornável e tão adaptável Touriga Nacional, cumpre destacar o notável desempenho da Tinta Roriz/Aragonez, que na Beira Interior encontrou um terroir feito à sua medida. Nas zonas altas e arejadas, mostra um comportamento de excelência, amadurecendo sem tanta pressa, originando vinhos poderosos, mas com taninos domados, finos e persistentes”.
Referências
Galacho, C. (2007) – A Química “doce” do vinho, Departamento de Química, Universidade de Évora. https://tradicional.dgadr.gov.pt/pt/produtos-por-regime-de-qualidade/dop-denominacao-de-origem-protegida-vinho
Instituto da Vinha e do Vinho, I.P.: https://www.ivv.gov.pt/np4/home.html
Poço, R. (2021) – Caracterização vitivinícola das denominações de origem da Beira Interior, Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa. Vinhos da Beira Interior: https://www.vinhosdabeirainterior.pt/
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