Azeitona Galega da Beira Baixa IGP
Azeitona Galega da Beira Baixa IGP
Na paisagem quente e dourada da Beira Baixa, entre olivais centenários rodeados por planícies, colinas e serras, nasce uma das muitas preciosidades gastronómicas da região: a Azeitona Galega da Beira Baixa IGP.
O cultivo da oliveira está intimamente ligado à região da Beira Baixa, conforme se comprova em diversos registos históricos, que indicam que já no início do século XVI o olival se apresentava bem implantado na região, sendo que nas imediações de Castelo Branco já se formavam extensos olivais. A Azeitona Galega da Beira Baixa obtida da variedade Olea europaea L. e através de processos de fabrico e técnicas de conservação que vêm sendo transmitidas de geração em geração e que se mantêm até aos dias de hoje, é considerada um produto tradicional nesta região, e ocupa desde há muito um importante lugar tanto na alimentação dos seus habitantes como no desenvolvimento da economia local.
Para beneficiar da designação IGP (Indicação Geográfica Protegida), a produção e o fabrico da “Azeitona Galega da Beira Baixa” têm de ocorrer na área geográfica delimitada, circunscrita aos concelhos de Covilhã, Belmonte, Fundão, Penamacor, Idanha-a-Nova, Castelo Branco, Vila Velha de Ródão, Proença-a-Nova, Oleiros, Sertã, Vila de Rei e Mação.
A política de qualidade da UE visa proteger os nomes de produtos específicos, de modo a promover as suas características únicas associadas à sua origem geográfica e a modos de produção tradicionais. As indicações geográficas estabelecem direitos de propriedade intelectual para produtos específicos cujas qualidades estão relacionadas com a área de produção.
Ainda no que diz respeito sobre a origem geográfica da oliveira, segunda a investigadora Joedna Campos, “têm sido encontrados registos da sua presença em quase toda bacia mediterrânica, desde o Golfo Pérsico até às Ilhas Canárias. Nos primeiros acampamentos dos povos nómadas, em paralelo com o início da prática da agricultura, pensa-se que a cultura de oliveiras terá sido importante para a obtenção de azeitonas e azeite e também de madeira e folhas para a alimentação animal. Na dieta e civilização mediterrânica, o azeite era utilizado para a preparação de alimentos ou como remédio, e as azeitonas eram amplamente consumidas, principalmente por pessoas pobres, que realizavam a conserva como método para melhorar o sabor e aumentar a vida útil deste produto” (Campos 2022).
Por outro lado, com base no trabalho desenvolvido por Rita Franco, apura-se que “o cultivo de azeitona é destinado, essencialmente, para extração de azeite (cerca de 90%) e produção de azeitona de mesa (cerca de 10%), ambos componentes importantes na dieta mediterrânica e largamente consumidos em todo o mundo, devido aos seus efeitos promotores de saúde. As azeitonas de mesa têm possuído grande importância na economia de vários países, sendo maioritariamente produzida nos países do Mediterrâneo. Hoje em dia são consideradas como um dos maiores vegetais fermentados das indústrias alimentares, devido à sua riqueza em ácidos gordos essenciais, proteína vegetal, vitaminas, minerais e fibra alimentar e por possuírem um alargado tempo de vida útil” (Franco 2015).
A Azeitona Galega da Beira Baixa apresenta-se no mercado nas seguintes formas:
Azeitonas inteiras: Azeitonas, com ou sem pedúnculo, com a sua forma natural e cujo caroço não foi removido;
Azeitonas retalhadas: Azeitonas golpeadas no sentido longitudinal por cortes na pele e parte da polpa;
Azeitonas descaroçadas: azeitonas às quais o caroço foi removido, mantendo praticamente a sua forma natural;
Azeitonas em rodelas: Azeitonas descaroçadas ou recheadas cortadas no sentido transversal em segmentos de espessura igualmente uniforme;
Pasta de azeitona: obtida a partir da polpa de azeitona moída (min. 95%), podendo ser adicionados outros ingredientes: azeite virgem extra, sal, limão, alho e ervas aromáticas (como orégãos, tomilho, louro ou malagueta).
A fermentação da Azeitona Galega da Beira Baixa IGP é efetuada pelo método de cura natural, sendo que o processo tradicional de fermentação utilizado transmitido ao longo de gerações entre os intervenientes locais, permite realçar as características do peso, coloração, teor de sal e o ligeiro aroma a avinhado, que a distinguem dos seus congéneres.
Pequena no tamanho, grande na história e no sabor, a Azeitona Galega da Beira Baixa IGP é um verdadeiro tesouro português, que prova que na simplicidade se pode encontrar a perfeição
Referências
Campos, J. (2022) – Estudo e valorização de variedades autóctones de oliveira com aptidão para a produção azeitona de mesa, Escola de Ciências, Universidade do Minho.
Comissão Europeia: https://portugal.representation.ec.europa.eu/news/azeitona-galega-da-beira-baixa-recebe-estatuto-de-indicacao-geografica-protegida-2023-03-08_pt
Franco, R. (2015) – Estudo do tempo de vida útil de azeitonas galegas embaladas em duas atmosferas diferentes, Instituto Politécnico de Viana do Castelo.
Produtos Tradicionais Portugueses: https://tradicional.dgadr.gov.pt/pt/cat/azeites-e-azeitonas/1030-azeitona-galega-da-beira-baixa







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